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terça-feira, 22 de maio de 2012

Versão brasileira de "Carrossel" dá de ombros para o politicamente correto e resgata cenas de preconceito

A versão brasileira de “Carrossel”, que estreou no SBT, pode despertar mais do que nostalgia. Nem estreou e a novela infanto-juvenil já provoca polêmica. As perversas cenas de bullying sofridas pelo personagem Cirilo, a criança pobre e negra da Escola Mundial, serão mantidas na adaptação. “Não tem patrulhamento, vai ser igual ao original”, afirma a responsável pela adaptação, Iris Abravanel, mulher de Silvio Santos, contemporizando o grau de gravidade das sequências. “Na verdade, nem acho que o que o Cirilo sofre seja bullying. Existe o preconceito racial e social, mas é algo com a qual as pessoas convivem na vida. É na escola que a criança aprende a se defender.”
No texto mexicano, de 1990, Cirilo era rejeitado pela vilãzinha da turma, a bem-nascida e loira Maria Joaquina. Num dos capítulos, chama o garoto, em tom de desprezo, de “negro”.
Iris não confirma a permanência desse tom agressivo na adaptação, mas uma cena prevista para ir ao ar ainda nesta semana mantém o discurso racista. Em sua festa de aniversário, Maria Joaquina amassa com as mãos o buquê de flores que Cirilo lhe compra como presente. “Crianças sabem ser cruéis”,  reconhece Iris. “Mas a novela trata sobre esses conflitos, que são comuns no dia a dia das crianças. E eles sempre são solucionados entre elas. A ideia é discutir esses temas em família”, garante. Na trama, esse olhar conciliador é dado pela doce professora Helena. A personagem é interpretada  pela atriz Rosanne Mulholland.
papel/ Intérprete de Cirilo na versão brasileira, Jean Paulo, 8 anos, diz que vai tirar de letra o papel. “É tudo ficção. Ator tem de saber separar uma coisa da outra para não ficar louco”, diz o garoto, que contracenará com Larissa Manoela (do longa-metragem “O Palhaço”), de 10 anos. A atriz mirim, a  mais experiente do elenco, também faz questão de dizer que se dá bem com o colega. “Ficamos muito amigos, nos ajudamos nessas cenas mais difíceis”, conta ela, que minimiza a vilania de Maria Joaquina. “Ela é toda metidinha,  faz maldades, mas não deixa de ser uma criança.”
O elenco infantil é orientado por psicólogos e preparadores de elenco. Dois diretores foram destacados para acompanhá-los diretamente. Em cenas  de choro, eles oferecem aos atores cristal japonês, substância que estimula as lágrimas. “Crianças acabam exigindo mais da produção. O cuidado é bem maior”, afirma o diretor geral Reynaldo Boury.  
Apesar das polêmicas, “Carrossel” tem classificação livre. Iris acha que não sofrerá perseguição dos politicamente corretos. “‘Carrossel’ é só uma novela sobre o universo infantil.”

Fonte: Diário de SP

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