Enquanto as demais emissoras de TV aberta se distanciam cada vez mais
do universo infantil em suas programações, o SBT colhe o êxito de seu
investimento em uma adaptação de qualidade. Com excelentes 13 pontos de
média em sua estreia, Carrossel, adaptada por Íris Abravanel,
disparou na audiência e ocupa o segundo lugar isolado no horário nobre.
Com cenários bem acabados e multicoloridos, que enchem os olhos da
criançada, a fictícia Escola Mundial mais parece um atraente parque
infantil e seduz até os mais velhos. Cores quentes, uniformes impecáveis
e uma cenografia bem resolvida acolhem visualmente com uma direção
correta de Reynaldo Boury.
O mesmo se pode dizer dos cenários das casas dos alunos, que muitas vezes lembram produções de "cartoon", com toques de contos de fadas. Já a casa da professora Helena, vivida pela carismática Rosanne Mulholland, como a amável educadora e protagonista, se assemelha à estética do longa O Fabuloso Destino de Amélie Poulain - de Jean-Pierre Jeunet -, com alguns toques retrô, o que reforça a ingenuidade prestativa da personagem.
Contornada por ótima trilha sonora, com canções como Fico Assim Sem Você, interpretada por Roberta Tiepo, ou Não é Proibido, na voz de Marisa Monte, a produção se destaca principalmente por assumir todos os seus clichês. Afinal, os simbolismos do universo infantil são recheados de maniqueísmos. Na história, a exaltação da equivalência entre classes sociais, raças e religiões é tratada sem didatismos e ocorre de forma natural. Com personagens que representam a pluralidade na convivência entre negros, judeus, japoneses e americanos. Nessa diversidade, cabe até a personagem gordinha Laura, vivida por Aisha Benelli.
No elenco infantil, muitos atores mirins se destacam, como a esnobe Maria Joaquina, de Larissa Manoela, ou o ingênuo e simpático Cirilo, de Jean Paulo Campos, em seus habituais conflitos da infância. Já Maísa Silva, a aposta da emissora desde que começou a apresentar programas no SBT, não surpreendeu como a serelepe Valéria. Com malcriadez e "bullings" dos personagens mais rebeldes, como esconder animais peçonhentos para dar sustos nas professoras ou roubar a boneca da irmã, a trama cresce por não se distanciar do comportamento mais genuíno dessa idade.
Com isso, a produção ainda consegue exaltar o lúdico da infância e deixar para trás a cada vez mais frequente apologia à "adultização", com meninas se comportando como mulheres e se vestindo como "periguetes". Mais um mérito da trama originalmente mexicana, produzida pela Televisa em 1989 e exibida no Brasil, pela primeira vez, entre 1991 e 1992, também no SBT.
Fonte: Terra
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