Estreia da semana no SBT com
audiências surpreendentes (médias de 15 pontos), “Carrossel” é para
crianças. Se pudéssemos classificar o gênero novela por faixa etária,
“Carrossel” seria também uma novela-criança. Sua estrutura é simplória;
os diálogos, pueris; os conflitos, idem. Reina ali uma ingenuidade
impressionante. A teledramaturgia passou dessa fase há muito tempo, hoje
pratica enredos bem mais intrincados e ousados. Isso é ruim? Talvez
não, já que os números provam existir público interessado.
Dirigida por Reynaldo Boury, “Carrossel” é resultado de uma parceria com
a Televisa. A produção mexicana de 1989 foi reprisada três vezes no
SBT. Fez tanto sucesso aqui que Gabriela Rivero, que interpretava a
professora Helena, visitou o Brasil na época e desceu a rampa do
Congresso Nacional junto com o então presidente Fernando Collor. De
novo: isso é ruim? Deixo as conclusões para o leitor.
A professora Helena da atual versão, Rosanne Mulholland, é a melhor
atriz de um elenco cuja maioria esmagadora não chega aos 12 anos. A
turma do terceiro ano da Escola Mundial é composta de um leque de tipos
mais previsíveis impossível: a riquinha malvada, a gordinha que não para
de comer, os pestinhas, a estudiosa pobre e boa filha etc. As
peraltices também são as clássicas. Só faltou até agora o barbantinho
cheiroso, mas deve ser uma questão de tempo para ele aparecer. Afinal,
mesmo que a travessura tenha caído em desuso, superada por jogos
eletrônicos e afins, a escola da novela não é exatamente um reflexo do
mundo real de hoje.
Ainda assim, “Carrossel” é colorida, tem boa trilha e um diretor (Boury) experiente.
Fonte: O Globo
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