SBT ressuscita Carrossel e mantém racismo entre crianças

Quando a versão mexicana de Carrossel foi ao ar no SBT, cerca de 20 anos atrás, tornando-se fenômeno de audiência no País, Íris Abravanel costumava reunir o marido, Silvio Santos, e as quatro filhas ainda pequenas para assistir a trama. As meninas acompanhavam com atenção as peripécias de Laura, Jaime, Cirilo, Maria Joaquina e companhia. Vinte anos depois, a lembrança desse momento íntimo transformou o remake brasileiro de Carrossel em realidade.

Na tarde desta segunda (7), o SBT reuniu cerca de 90 jornalistas nos estúdios da emissora em Osasco, na Grande São Paulo, para apresentar a nova produção, que estreia no dia 21 de maio, às 20h30. A novela terá 260 capítulos (a original tinha 357 capítulos).

O texto da nova roupagem é assinado por Íris Abravanel, mulher de Silvio Santos, que conta com o auxílio de cinco colaboradores e uma supervisora de texto. Reynaldo Boury, que também esteve à frente da novela Amor & Revolução, de Tiago Santiago, é o diretor geral do projeto que tem 17 crianças como estrelas.

O diretor revelou que algumas delas fazem uso do ponto eletrônico, que está sendo testado como ferramenta.

— Elas estudam no período matutino e gravam por seis horas à tarde. Então, algumas não conseguem decorar. Mas só faz uso do ponto quem quer.

Racismo entre crianças

Quatro delas já se destacaram nas entrevistas. O primeiro é o menino Jean Paulo Santos, intérprete do personagem Cirilo, que será apaixonado pela colega Maria Joaquina, vivida por Larissa Manoela, que já havia chamado a atenção no filme O Palhaço, de Selton Mello. Como seu personagem, negro e pobre, sofrerá racismo por parte da coleguinha, rica e branca, Jean explicou à reportagem como faz para não misturar as coisas em sua pequena cabeça.

— Todo ator tem de dividir o personagem de você mesmo. E eu penso que o que ela está fazendo não é comigo, mas com o Cirilo.

Já Larissa tenta defender sua personagem, dizendo que “apesar das maldades que ela faz, ela também é uma criança”. Outro destaque é Aysha Benelli, filha da cantora Simony, é intérprete da rechonchuda e doce Laura, a menina mais boazinha da escola. Ela contou que a mãe a ajuda a decorar o texto.

— Ela passa o texto todinho comigo, fazendo os outros personagens. Estou achando muito legal trabalhar na novela.

A pequena Maisa Silva, apresentadora infantil do canal, viverá Valéria, a menina mais peralta da turma.

— Estou gostando muito de trabalhar como atriz. Aqui na novela não estou sozinha. Faço parte de um grupo. É diferente do que já fazia e acho que ajuda a minha carreira.

Marido de Simony e padrasto de Aysha, o ator Marcelo Batista vive José Rivera, pai de Cirilo na trama. O ator afirmou “que é importante a discussão sobre o racismo que ainda existe” na trama.

Íris afirmou ao R7 que manterá as cenas de racismo entre Maria Joaquina e Cirilo e disse que “as crianças precisam aprender desde cedo a enfrentar o mundo”.

— Escola é um laboratório para a vida. E o preconceito é uma coisa que infelizmente ainda existe na sociedade. Então, vamos sim levantar essa discussão. Porque a criança tem de aprender a se defender ainda pequena. A minha filha Renata chorou muito com as cenas em que a Maria Joaquina é racista com o Cirilo. Esse problema de preconceito racial no Brasil ainda existe, infelizmente, e precisa ser discutido.

Durante a coletiva de imprensa, Íris contou que a ideia de refazer a novela partiu de sua filha, Daniela Beyruti, diretora artística do SBT.

— Era uma ideia antiga que ela já vinha acalentando. Minhas filhas viram a novela 20 anos atrás e já estava na hora de trazer de volta essa história. Muita coisa mudou, a família antes era mais unida. Mas também muitas coisas permanecem iguais. Como fui professora primária, uso essa minha experiência na hora de escrever. Espero que a novela reúna novamente a família brasileira.

Disputa por homem

Rosane Mulholland tem a tarefa de viver a professora Helena, idolatrada pelos alunos.

— Sempre foquei minha carreira no cinema, então está sendo um grande desafio essa personagem. Até porque eu também vi Carrossel quando era criança e tenho uma relação afetiva muito forte com a novela.

O posto de antagonista está com Lívia Andrade, que aprontará poucas e boas na pele da professora Suzana, que disputará com Helena o coração do professor de música René, interpretado por Gustavo Wabner.

— Venho para apimentar um pouco essa novela [risos]. Vou continuar disputando com a Rosana [Lívia fez teste para professora Helena e não passou]. Não pense que foi só no teste! [risos].

Reynaldo Boury, que trabalhou por três décadas na Globo, diz que vê a novela como um desafio particular.

— Nunca havia feito uma novela com crianças. É uma loucura. Para dar conta, eu tenho ótimos assistentes, que são o Luiz Antônio Piá, o Roberto Menezes e o Paulo Soares. Porque tem horas que o set parece uma sala de espera de hospício [risos].

Fonte: R7

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