Em cena de Carrossel, exibida pelo SBT/Alterosa de segunda a
sexta-feira, às 20h30, o estreante João Lucas Takaki vai aparecer como
uma criança cadeirante que está acostumada a ver o mundo da janela de
casa e com medo de ser “zoado” por todos. Assim, surge Tom, o novo
personagem da novela. No entanto, ficção e realidade só serão
semelhantes quando o menino da trama passar a viver feliz e cheio de
amigos, o que deve acontecer no desenrolar da história.
João
Lucas nasceu com um tipo de câncer que comprimiu sua medula e, com
isso, ele perdeu os movimentos das pernas. Aos 9 anos, mostra que a
deficiência física não o impossibilita de ser uma criança como todas as
outras. Além de virar ator, o garoto pratica um esporte radical. “Ele
faz hardcore
sitting e treina com o Pablo Moyá, que é o precursor da modalidade no
Brasil. Meu filho já faz algumas manobras na pista de skate, inclusive
tem o patrocínio da Jumper, que fabrica a cadeira de rodas que ele usa”,
diz a mãe de João, Adriana Dutra.
Preconceito
Para Adriana, a oportunidade de seu filho entrar numa novela que
retrata o universo infantil é incrível e Adriana explica por quê:
“Existe um paradigma em torno do cadeirante. Eu tive muita dificuldade
para encontrar uma escola para o João. Muitas que fui visitar achavam
que era um favor receber o meu filho ou não tinham acessibilidade. A
inclusão social ainda não é uma realidade”. Ou seja, na opinião de
Adriana, que trabalha como presidente de uma ONG, Carrossel vai levar o
tema para dentro das casas das pessoas. “O Tom vai proporcionar às
famílias reverem alguns conceitos”, acredita.
A
oportunidade de João entrar na novela surgiu quando ela viu pela
internet que estavam abertas as inscrições para o elenco. Como muitas
outras mães, Adriana preencheu uma ficha no site do SBT e enviou duas
fotos do filho. Com outras crianças selecionadas para os testes, João participou
de várias etapas até ser escolhido para o papel. “Ele já havia tentado a
carreira de modelo, mas, em todos os desfiles de que participou, as
outras crianças recebiam cachê, mas os cadeirantes não”, lamenta
Adriana.
De acordo com ela, a
rotina de João sempre foi igual à de qualquer outra criança. Ele vai
para a escola de manhã e no período da tarde estava fazendo inglês,
violão e escolinha de esportes até passar nos testes. Aos sábados, o
pequeno frequenta a ONG Atitude Paradesportiva, onde pratica as manobras
radicais em cadeira de rodas. “O João não se priva de nada por ser
cadeirante. Muitas vezes, ele tem que ser carregado, passa algum sufoco,
mas participa de tudo que tem vontade”, conta a mãe.
O estreante já começou a gravar
suas cenas, mas o capítulo em que Tom aparece vai demorar para ir ao
ar. Sua história passa a ser contada por volta do capítulo 100. Nesta
semana, o SBT exibe os episódios de números 41 a 45. Mesmo assim, o
trabalho do novato teve início lá atrás. Foram dois meses fazendo
workshops e aprendendo a representar. “Ele ficou ansioso, mas estava bem
confiante. Meu filho não mudou seu comportamento, a única coisa que
realmente mudou é que agora ele tem uma rotina mais agitada”, comenta
Adriana.
Cheio de energia, João Lucas
está dando conta de tudo sem problema. Agora, nos dias de gravação, um
carro do SBT o busca na saída da escola e ele grava até a noite. Quando
chega em casa, o pequeno faz a lição, janta, dá uma lida no texto do dia
seguinte, toma banho e vai dormir.
“Eu
trabalhava o dia inteiro no escritório, agora vou ao trabalho no período
da manhã e à tarde eu acompanho o João. Fico trabalhando à distância.
Tivemos que nos adaptar aos horários de gravação, mas está sendo
tranquilo para toda a família, pois o João está muito feliz e é isso que
importa”, revela Adriana, que se separou do pai de seus filhos. Ela
também é mãe de Luiz Alexandre, de 12 anos.
Fonte: Uai
Bela iniciativa!!
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