Íris Abravanel é uma mulher de coragem. Disso, ninguém duvida. Há cinco anos, diante da dificuldade do marido de contratar bons roteiristas para o SBT, ela se ofereceu para escrever a sinopse de uma novela. Até então, o máximo que ela tinha escrito eram algumas crônicas para a revista "Contigo!". Mesmo assim, Silvio Santos aprovou a ideia. De lá para cá, Íris já assinou "Revelação", exibida entre 2008 e 2009; "Vende-se um véu de noiva", em 2009; e "Corações feridos", que estreia hoje no SBT, às 20h30.
Apesar de casada oficialmente com Silvio Santos desde 1981, Íris Abravanel ainda é pouco reconhecida nas ruas. Para dizer a verdade, no SBT também. Quando se reuniu, pela primeira vez, no núcleo de dramaturgia da emissora para apresentar a sinopse, chegou a ser barrada na portaria. Hoje, ela comanda uma equipe de sete colaboradores. "Desde a tradução dos capítulos até o desenvolvimento das cenas, faço questão de que todos estejam por dentro de tudo o que acontece na trama", afirma.
Aos 62 anos - 18 a menos que o marido -, Íris admite que não foi fácil trocar a vida de dona-de-casa pela de autora de novelas. Mas ela tenta. Ano passado, lançou seu primeiro livro de crônicas, "Recados disfarçados". Se depender dela, pretende escrever outros: o próximo, quem sabe, voltado para crianças e adolescentes. No momento, escreve os primeiros capítulos de "Carrossel", ainda sem previsão de estreia. "Tenho procurado transmitir a todos que sempre é tempo de recomeçar. Em qualquer idade, vale a pena lutar por aquilo que acreditamos", ensina.
André Bernardo - "Corações feridos" é a terceira novela que você escreve em cinco anos. O que o público pode esperar dela?
Íris Abravanel - Gosto muito das novelas escritas por Caridad Bravo Adams, uma autora à frente do seu tempo. No caso de "Corações feridos", a história é muito rica, dinâmica, intensa. Um dos personagens de que eu mais gosto é a Janaína, interpretada pela Lívia Andrade. Ela é uma caipira ingênua, virgem e fogosa. A novela tem tudo para agradar ao público do SBT.
AB - Você estreou na carreira de autora de novelas em 2007. O que mudou de lá para cá?
IA - Muita coisa. Tive que estudar, ler muito e correr atrás do tempo perdido. Adquiri mais conhecimento e experiência em uma fase em que poderia estar aposentada. Tenho procurado transmitir a todos que não devemos desistir nunca e que sempre é tempo de recomeçar. Em qualquer idade, vale a pena lutar por aquilo que acreditamos.
AB - Hoje em dia, você comanda uma equipe de sete colaboradores. Como é a divisão de trabalho?
IA - Somos uma equipe. Trabalhamos juntos desde "Revelação" e sinto que eles estão evoluindo comigo. Além disso, todo mundo participar de todas as etapas. Desde a tradução dos capítulos até o desenvolvimento das cenas, faço questão de que todos eles estejam por dentro de tudo o que acontece na trama.
AB - "Corações feridos" é baseada em "La Mentira", de Caridad Bravo Adams. Quais teriam sido as principais dificuldades que você encontrou para adaptar o original mexicano?
IA - O povo brasileiro é muito parecido com o mexicano. Os dois lidam com problemas semelhantes, como corrupção, violência e analfabetismo. No que diz respeito à teledramaturgia, as tramas mexicanas são bem mais dramáticas do que as nossas. De um modo geral, o brasileiro gosta de fazer humor das situações mais dramáticas. Isso é um grande diferencial.
AB - Mas, a exemplo da teledramaturgia brasileira, a mexicana também gosta de abordar temas sociais em suas novelas, não?
IA - Sim, é verdade. Novela é, acima de tudo, entretenimento. O público quer diversão. Mas penso que é nosso dever propor soluções para os problemas que atingem a sociedade, como drogas e alcoolismo. Por isso, em "Corações feridos", abordamos a questão dos codependentes. O sofrimento dele é igual ou ainda maior que o dos próprios dependentes.
Fonte: Sidney Rezende - http://segue.se/QsM
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